Intervenção Cívica ou Militar?
O lema de nossa bandeira “Ordem e Progresso” vem sendo maculado por discrepâncias advindas de desordens nas esferas políticas e sociais do País. De um lado, estão os Três Poderes, constituídos por um Executivo, um Legislativo e um Judiciário distantes dos valores éticos, morais e de justiça, comandados por pessoas que não fazem jus aos seus mandatos. Malfeitores que se servem do cargo ao invés de servi-lo. De outro, temos a grande maioria da população, sem educação, saúde e segurança, que morre a todo instante em razão da violência, vítima de bala perdida, e da falta de assistência, nas filas dos hospitais.
Sem ordem não há progresso. É necessário que enfrentemos a realidade, pois os salvadores da pátria somos nós mesmos e precisamos mudar essa situação urgentemente. O Brasil está sangrando, com seus filhos que estão indo embora para o exterior e com o desestímulo e a desesperança de todos. É imprescindível que tomemos uma medida drástica e façamos imediatamente uma Intervenção Cívica.
Ser cívico é ser patriota e realizar ações em prol do País. Meu alerta nada tem a ver com partidos ou representações corporativas, mas com cidadãos que, assim como eu, amam o Brasil e não suportam mais viver nessa situação. Necessitamos retomar o espaço que os políticos nos roubaram. Vivemos em uma ditadura, na qual as pessoas, por meio de pretensas ações democráticas, legislam em causa própria em detrimento do Brasil como um todo. Uma coisa é falar de ideias, a outra é praticá-las. De uma maneira geral, a maioria das legendas tem boas propostas, mas não as praticam. Só interagem para a manutenção do poder.
Reconhecer as falhas e desejar um País mais justo é o primeiro passo. No dia 7 de outubro, temos o dever de escolher com rigor nossos futuros governantes. Merecemos ser representados por pessoas dignas, que pratiquem o civismo pelo Brasil. Faço um apelo para votarmos em candidatos íntegros, corretos, honestos e com alto sentimento cívico, que não tenham qualquer ligação direta ou indireta com práticas contrárias a esses princípios.
Se não mudarmos, o Brasil não muda. Se não intervirmos agora, aqueles que estão no poder irão continuar saqueando a nossa pátria. O Estado deverá concentrar seu papel naquilo que é a sua função primordial de regular, fiscalizar e incentivar o desenvolvimento. O restante caberá à própria sociedade, dentro dos princípios da livre iniciativa, da livre concorrência, liberdade com responsabilidade, direitos com obrigações, para que todos tenham as mesmas oportunidades.
Exemplo disso ocorreu na economia de Hong Kong (China), que saiu da miséria e alcançou a prosperidade, fomentando o empreendedorismo, graças à liberdade econômica. O progresso foi possível porque ocorreu em circunstâncias nas quais os direitos de propriedade eram respeitados, o poder judiciário atuava com independência e os tribunais com imparcialidade, e a interferência econômica das autoridades coloniais era mínima.
Somos os responsáveis por essa lastimável conjuntura porque desprezamos a importância da nossa participação cívica, acreditando que salvadores da pátria resolveriam todos os nossos problemas. Como se estivéssemos anestesiados, deixamos aqueles que não têm compromisso com o Brasil o roubarem de nós.
Outro fator que retroalimenta esse mecanismo é o Fundo Partidário, pago por todos nós, repassado às legendas pelo poder público. Desse modo, as siglas se utilizam do benefício para alocar recursos àqueles que já exercem mandato, mantendo o poder de forma desonesta. Talvez motivada por questões políticas e econômicas, a mídia retrata os corruptos como pessoas que estão a serviço do bem, esquecendo dos noticiários os bons exemplos.
Há mais de quatro séculos, o renascentista Nicolau Maquiavel parecia descrever nossa realidade caótica: “Um País onde os poucos que se esforçam para fazer prevalecer os valores morais, como honestidade, ética e honra, são sufocados e massacrados, já caiu no abismo há muito tempo”.
Necessitamos urgentemente de uma nova Constituinte, elaborada por pessoas equidistantes de partidos ou corporações e que amem verdadeiramente o Brasil. Precisamos reduzir o Estado ao mínimo com relação às suas legítimas funções, abrir a economia e transferir os encargos sociais para ganhos diretos dos trabalhadores – o que por si só faria com que a economia tivesse um rápido desenvolvimento – e ter uma previdência privada, sugestões simples que estão em prática nos países desenvolvidos.
Estou procurando fazer a minha parte. Espero que você faça o mesmo. Não podemos esperar algo de quem não tem nada a oferecer. Para o bem do Brasil e, por conseguinte, para o bem de nossos filhos e netos. Que façamos jus aos dizeres grafados em nossa bandeira, em prol de uma pátria mais justa. Sem intervenção cívica, chegaremos ao caos, e inexoravelmente, por uma questão de ordem, teremos uma intervenção militar, o que não é o meu desejo, e tampouco dos militares, conforme têm afirmado aos quatro ventos.
É preciso que os brasileiros entendam de uma vez por todas que não existe uma fatia boa em um bolo ruim.
Por: Sergio Suslik Wais, fundador do Movimento Livre Iniciativa para Todos e diretor-presidente da Gente Seguradora e empresas coligadas.
> Artigo publicado na íntegra no site da revista.